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segunda-feira, 3 de julho de 2017

PM vendia drogas em boca de fumo de São Gonçalo, diz inquérito

03/07/2017 - Um usuário de drogas chega à boca de fumo de uma favela de São Gonçalo, à luz do dia, e vê um policial militar fardado no local. Ele hesita por alguns segundos, acredita que está ocorrendo uma operação, mas, logo em seguida, é surpreendido pelo PM, que manda o dependente químico se aproximar e ainda oferece entorpecentes. O viciado aceita: “Me dá uma de 20”.

A resposta, provavelmente, é uma referência a pedras de crack. A cena inusitada está descrita no inquérito da Operação Calabar, da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) e do Ministério Público estadual (MP-RJ), que culminou na prisão, até sexta-feira, de 82 dos 96 policiais militares do 7º BPM (São Gonçalo) denunciados por corrupção passiva e organização criminosa.

As mais de 200 mil gravações feitas durante as investigações da Calabar também revelam que os PMs denunciados pelo MP-RJ vendiam armas para traficantes e parcelavam o pagamento. Em uma das escutas, um policial negocia pistolas 9mm com um bandido: “E aquela nove lá que você falou em duas vezes?”. O PM pergunta: “Tá interessado?”. O criminoso tenta adquirir mais armas a prazo: “Tô interessado. Seis em duas vezes que tu falou”. Como quer fechar o negócio, o policial responde: “Faço, pra você eu faço, pô”.

O comando da PM vai reforçar o efetivo do batalhão de São Gonçalo com militares lotados em Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Todos os alvos da Calabar são praças e foram lotados no 7º BPM entre 2014 e 2016. Os acusados de corrupção representam cerca de 15% dos quadros da unidade, composta por pouco mais de 700 homens. De acordo com a investigação, semanalmente eles recebiam cerca de R$ 250 mil de propina do tráfico. Segundo a Polícia Civil, essa é a maior operação de combate à corrupção policial já feita no Estado do Rio.

Entre os 96 policiais denunciados, alguns têm posição de destaque na quadrilha, como o sargento André Luiz de Oliveira Sodré, o Sobrancelhudo, que comandou o Grupo de Ações Táticas do batalhão de São Gonçalo. Ele chegou a ganhar, em 2015, o prêmio “O Policial do Ano” concedido por um jornal de São Paulo a quem se destaca em suas funções.

Por: Carolina Heringer e Vera Araújo
Foto: Fabiano Rocha

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