18/04/2014 - Um senhor simpático e educado. Assim era conhecido o pistoleiro Roberto José dos Santos, de 48 anos, o Tio Beto, no bairro Coelho, em São Gonçalo, onde morou até o domingo anterior à sua prisão, no último dia 2. Durante cerca de três anos, Roberto e a mulher moraram numa casa da Rua Carina Xerém. Acostumados a cruzar com traficantes, os vizinhos de Tio Beto nem sonhavam que o homem recatado que comprava doces e salgados para a companheira era, na verdade, um matador e miliciano no bairro São Cristóvão, na Zona Norte do Rio.
Lá, segundo moradores, ele cobrava o aluguel de famílias que tinham invadido alguns imóveis abandonados. Qualquer um que atrasasse o pagamento era expulso do local.
— Ninguém suspeitava de nada. Ele tratava todo mundo bem. Dava “bom dia” e “boa noite”. Foi uma surpresa para todos nós — disse a dona da casa onde morou Roberto, que não quis se identificar.
O casal era reservado. Não conversava muito com os outros moradores. Na mesma rua, oito vizinhos visitados pelo EXTRA disseram nunca terem ouvido falar de Tio Beto. Os poucos que tinham contato com Roberto e a mulher não perceberam nenhum comportamento estranho. O casal só era conhecido por beber demais.
O mesmo rigor ao cobrar os aluguéis em São Cristóvão também estava presente ao pagar o seu em São Gonçalo. Segundo a senhoria, Tio Beto mantinha o pagamento mensal de R$ 350 em dia.
Docinhos para fazer as pazes com a mulher
A dona de uma lanchonete que fica na mesma rua onde ele morava confirma a fama de bom pagador, com exceção de um refrigerante:
— No domingo (antes de ser preso), ele veio avisar que tinha brigado com a mulher e estava indo embora. Ele chegou com uma nota de R$ 50 para pagar um refrigerante. Mas eu não tinha troco. Aí ,ele disse que voltaria no dia seguinte para pagar.
Tio Beto não voltou. Depois da prisão, nem a mulher apareceu mais. Ela, segundo a vizinhança, aparentava ter 40 e poucos anos e tinha dois filhos, já casados, que não moravam com o casal.
— Ele parecia ser boa gente. Falou que não amava a mulher, mas que ela era a sua parceira. Disse também que ela o tinha tirado da rua. Uma vez ele brigou com ela e veio comprar alguns docinhos e salgadinhos, para fazer as pazes.
Antes de deixarem a casa de um quarto, sala, cozinha e banheiro, Tio Beto e a mulher venderam o fogão e a geladeira por R$ 300. O restante, incluindo peças de roupa, foi deixado para trás.
Por: Rafaella Barros
Foto: Fábio Teixeira
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Assassino de São Gonçalo era conhecido por sua simpatia com vizinhos
Posted by Folha SG on 22:06 in Folha de SG São Gonçalo | Comments : 0
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
Postar um comentário