08/12/2013 - Moradores fecham a Rua João Frederico Couto, no Engenho Pequeno, na manhã do último sábado. Via só foi liberada com a chegada de policiais do 7º BPM
As fortes chuvas que atingiram Niterói e São Gonçalo na quinta-feira trouxeram muita dor de cabeça para a população das duas cidades. No sábado, diversos bairros ainda sofriam problemas de falta de luz. Moradores reclamaram, principalmente, da perda de alimentos, alguns estimando prejuízos domésticos em torno de R$ 500. No Engenho Pequeno, em São Gonçalo, a populaçao fechou a Rua João Frederico Couto, principal via do bairro, e ateou fogo em caixonetes, galhos de árvores e pedaços de móveis, como forma de protestar contra a falta de solução apresentada pela concessionária Ampla, responsável pela distribuição de energia.
O protesto começou por volta de 9h, quando moradores foram para as ruas e impediram carros e ônibus de passarem depois que começaram a colocar fogo em objetos. Com os ânimos exaltados, os motoristas dos coletivos decidiram formar uma fila e estacionaram no canto direito da faixa da direita. Motoristas de carros de passeio eram orientados a dar meia volta. Apenas motociclistas puderam passar.
A via só foi liberada após policiais do 7º BPM (São Gonçalo) chegarem ao local. Depois de conversar com os moradores, os manifestantes retiraram os objetos que estavam obstruindo a rua e o trânsito, que já se encontrava congestionado em mais de 400 metros de extensão, ganhou fluidez em poucos minutos.
Um dos motivos para o protesto, segundo os moradores, foi por se sentirem prejudicados com a falta de energia desde a noite de quinta-feira e não conseguirem registrar suas reclamações. O call center da distribuidora ficou congestionado e com fila de espera. No fim da madrugada, de sexta-feira, o telefone só dava sinal de ocupado, afirmaram os moradores. Muitos deles disseram que vão encaminhar as reclamações para o telefone da ouvidoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“É uma vergonha ter que conviver com esse tipo de problema (falta de luz) há anos. Já nos sentimos abandonados aqui no Engenho Pequeno. É só ventar que a energia acaba. Isso é falta de respeito com a população. Eu quero saber quem é que vai pagar as minhas despesas. Fiz uma compra do mês e todo o mantimento que estava na geladeira, estragou”, dizia indignada a professora Gabriele Neves Batista, 35 anos, ressaltando que seu prejuízo foi de pelo menos R$ 500.
Rita Benedita de Farias, moradora da Rua Rogério Fabrício, também no Engenho Pequeno, disse que vai ficar na casa de parentes enquanto a situação não for resolvida. Ela sofre de problemas respiratórios e precisa usar um nebulizador constantemente, o que não está sendo possível há três dias.
“Eu preciso tomar diversos remédios que precisam estar na geladeira.
Além disso, nós estávamos esperando um vizinho que retornaria para a casa depois de tanto tempo internado, mas isso também não será possível, já que ele também precisa de energia elétrica por causa de aparelhos. Ou seja, um somatório de problemas que vai cansando”, desabafou.
Crianças de uma creche comunitária na Rua Álvaro Soares tiveram que ser liberadas mais cedo, devido à falta de energia. De acordo com o morador Carlos Palma Raposo, 47 anos, os vizinhos aguardam um posicionamento da concessionária Ampla que, segundo eles, após diversas tentativas de ligações, informou que estava mandando um carro.
“Isso aqui é uma bagunça sem tamanho. Espero que a empresa honre com o que disse, já que ninguém vai pagar o nosso prejuízo. Precisamos de luz, até porque não pagamos barato”, esbravejou, enquanto mostrava as contas de luz de sua casa, pagas em dia.
Alimentos e remédios estragam com as geladeiras sem funcionar - Durante todo o sábado, foram muitas as reclamações de falta de luz. Em alguns bairros de Niterói e de São Gonçalo, a energia parou e em outros ficou fraca. Esta era a situação da casa de Rosemary Rabello, fotógrafa, na Rua Belmiro Ferreira da Silva, no Colubandê, em São Gonçalo. Ela contou que, desde quinta-feira, a energia não era suficiente para ligar eletrodomésticos, o que acarretou em prejuízos. Sem a geladeira funcionando, as compras feitas na véspera estragaram. Para agravar a situação, a casa dela também ficou sem água, já que não havia como ligar a bomba. Rosemary disse que as quedas de energia são constantes no bairro. Para ela, a solução seria a instalação de um novo transformador.
“O transformador daqui é do tempo em que o bairro tinha pouca gente. Com o aumento do consumo de energia nas casas por causa dos vários eletrodomésticos, o transformador, que fica distante, não dá conta de atender a todo mundo”, contou a moradora. Ela disse que ligou para a concessionária de energia Ampla, registrou o protocolo, mas quando chegou à opção de “falta de luz”, a ligação caiu.
Na Estrada do Engenho do Mato, em Niterói, também houve queixas de falta de energia no quarteirão após à Policlínica. Para Maria Lilia do Campo Rosa, auxiliar de escritório, moradora da região, o problema é ainda mais grave. O pai dela sofreu um derrame e passa o tempo todo na cama
“Como meu pai não se levanta, é preciso fazer nebulização para auxiliar na sua respiração. Estou com dificuldades para dar banho nele, uma vez que não tem água por conta da bomba elétrica”, explica.
A solução encontrada por Maria Lilia foi pegar água na torneira do quintal, a única da casa que é abastecida com água de concessionária. Ela informa que já ligou para a Ampla, recebeu um número de protocolo, mas, assim como Rosemary Rabello, do Colubandê, não recebeu posição sobre os reparos.
Na Avenida Almirante Ary Parreiras, 378, em Icaraí, a situação era um pouco diferente. A luz foi interrompida na quinta-feira, às 21h30, e restabelecida somente no sábado, por volta das 13h. Segundo a bancária aposentada Sueli Pereira, os galhos das árvores provocaram a queda de energia. Ela conta que há tempos não é feita a poda das árvores do local.
“O técnico da Ampla que esteve aqui disse que sempre que ventar muito irá acontecer a interrupção no fornecimento de energia para este trecho da rua”, lamentou.
Carla Gama, advogada, mora no prédio e convocou vários vizinhos a entrarem com uma ação na justiça contra a concessionária.
“Cada apartamento entrará com sua própria representação, uma vez que ficamos quase dois dias sem luz. Mas o pior é o desrespeito: pessoas de quase todos os apartamentos ligaram para a empresa, registraram protocolos e nada foi feito”, reclama.
A Ampla aparece como nona colocada no ranking das 30 empresas mais acionadas, conforme classificação do site do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. De acordo com o site, a empresa enfrentou 1.212 ações no último mês de novembro.
Procurada por O FLUMINENSE, a Ampla divulgou nota na qual afirma que, por conta dos temporais e ventania de quinta-feira, a rede elétrica foi atingida por árvores, placas de sinalização, toldos e telhas, entre outros objetos, o que gerou a interrupção do serviço. Todas as equipes de campo da companhia foram deslocadas para os atendimentos emergenciais. As cidades mais impactadas foram Campos, Angra dos Reis, Petrópolis, Teresópolis, Araruama, Maricá, Magé, Niterói e São Gonçalo.
Ainda de acordo com a nota da gerência de Comunicação da distribuidora, com o aumento do número de ligações para o call center chegou a ocorrer fila de espera, o que dificultou o atendimento de vários consumidores. O fornecimento de energia será restabelecido gradativamente.
Por: Vinícius Rodrigues e Cláudia Felício
Foto: Lucas Benevides
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
São Gonçalo tem protesto, em bairro, por falta de luz
Posted by Folha SG on 01:20 in ampla Protesto São Gonçalo | Comments : 0
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